Em testes de laboratórios, cientistas conseguiram aumentar a expectativa de vida de animais em 25% apenas fazendo o bloqueio de uma proteína no corpo.
A IL-11 é uma proteína associada ao envelhecimento. À medida que envelhecemos, o nível da interleucina sobe e favorece o aumento de inflamações.
Ao bloquear a IL-11, o grupo observou um aumento significativo na vida saudável de camundongos. Os animais que passaram pela terapia ficaram mais sadios, viveram mais e tiveram bem menos doenças. Além disso, o declínio metabólico normal da velhice diminui.
IL-11 e a velhice
A proteína IL é pró-inflamatória e costuma ser chamada de “ressaca evolutiva” em humanos.
Embora vital para regeneração de membros em algumas espécies animais, para os humanos, ela é redundante até uma certa fase da vida.
A partir dos 55 anos, pesquisas anteriores já associaram a proteína com inflamação crônica, fibrose em órgãos, distúrbios do metabolismo, perda de massa muscular, fragilidade e até mesmo fibrose cardíaca.
Leia mais notícia boa
- Harvard afirma que dieta saudável pode aumentar em 84% chance de velhice com saúde
- Independência na 3ª idade: veja 5 dicas para evitar depender dos filhos na velhice
- Cérebro produz neurônios na velhice: esperança contra Alzheimer
Super-ratos
A equipe do Laboratório de Ciências Médicas MRC, do Imperial College London e da Duke-NUS Medical School, em Cingapura, realizou os dois experimentos.
Em um primeiro momento, os pesquisadores modificaram ratos para que fossem incapazes de produzir a proteína.
Já na segunda fase, esperaram até que os animais tivessem 75 semanas de idade (equivalente a uma pessoa de 55 anos).
Publicados na revista científica Nature, os resultados mostram um aumento de 20 a 25% na expectativa de vida dos animais. Os níveis variam de acordo com o sexo e abordagens do experimento.
Enquanto os ratos mais velhos morreram de câncer, aqueles que não tinham a interleucina-11, apresentaram níveis baixos da doença.
“Essas descobertas são muito animadoras. Os camundongos tratados tiveram menos cânceres e ficaram livres dos sinais usuais de envelhecimento e fragilidade, mas também vimos redução da perda muscular e melhora na força muscular. Em outras palavras, os camundongos velhos que receberam anti-IL11 ficaram mais saudáveis”, disse Stuart Cook, do Laboratório de Ciências Médicas da Imperial College London.
Estudos futuros
Agora, o grupo quer entender melhor o papel da IL-11 no corpo humano.
O bloqueio da proteína já tem sido testado para uso em doenças específicas causadas por fibrosa, por exemplo. Até então, as pesquisas mostram que o tratamento é seguro.
“Os medicamentos e tratamentos anteriormente propostos para prolongar a vida tiveram perfis de efeitos colaterais ruins, ou não funcionaram em ambos os sexos, ou poderiam prolongar a vida, mas não uma vida saudável. No entanto, esse não parece ser o caso da IL-11”, finalizou Stuart.