O médico brasileiro José Anthero Bragatto Filho foi o responsável por salvar a vida de um passageiro em um voo internacional que saiu de Nova Iorque e tinha como destino São Paulo.
Nascido em São Paulo, mas criado no Espírito Santo desde os 3 anos de idade, o rapaz se formou no último dia 27. Mas antes mesmo de receber o diploma, já mostrou como vai ser um ótimo profissional!
O rapaz voltava dos Estados Unidos e dormia no avião, quando foi acordado por gritos de desespero de uma mulher. O marido dela estava passando mal e imediatamente José entrou em ação. Ele, junto com fisioterapeuta emergencista, conseguiu estabilizar o paciente até a chegada do voo em São Paulo.
“Algum médico?”
Em entrevista ao Jornal A Tribuna, o jovem contou que acordou no susto depois dos gritos.
“Ela dizia: ‘meu marido está passando mal! Algum médico, algum médico presente?’’, recordou.
José se identificou e começou o resgate. Ao todo, o procedimento durou cinco horas e meia!
“Ele estava totalmente apagado. Eu fui verificar os sinais vitais, no pulso carotídeo, na região do pescoço, e outro periférico radial, que é próximo ao polegar. Nenhum dos dois estava presente. Ele estava muito gelado e não me respondia”, contou.
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Fisioterapeuta ajudou
Mesmo a família do homem sendo brasileira, ele precisou se comunicar em inglês, uma vez que a equipe de comissários era norte-americana.
José pediu o Dea (Desfibrilador Portátil) que tem no avião, mas o aparelho acabou não sendo necessário.
“Tinha um fisioterapeuta emergencista que me ajudou bastante no voo e conseguimos estabilizar esse paciente. A primeira pressão que eu consegui aferir estava muito baixa, acho que 6 por 4, se eu não me engano. Depois conseguimos dar uma estabilizada nele até ficar 11 por 7 e, nisso, ele já recuperou bem a consciência.”
A primeira parte o resgate havia sido cumprida com sucesso.
“Fiquei aferindo a pressão a cada 10 minutos, para mantê-lo realmente em observação, dando um pouco de água para ele ir recuperando aos poucos. Fui fazendo as medidas porque não tinha muitos recursos, mas peguei sal e coloquei na boca dele. Ele foi se recuperando, fiz um soro caseiro.”
Lembrou do pai
O resgate foi bem sucedido e reacendeu uma memória específica no jovem médico.
A aflição da filha e da esposa do passageiro, relembrou o dia 26 de novembro de 2016 para ele.
Na ocasião, o rapaz estava em Juiz de Fora com o pai, José Anthero Bragatto, de 54 anos.
Lá, o empresário acabou tendo um acidente vascular cerebral (AVC) e precisou ficar internado.
Infelizmente, no dia 10 de dezembro veio a difícil notícia: José acabou falecendo.
“Ainda no avião, quando eu via a filha e a esposa daquele passageiros, eu entendia exatamente o que elas sentiam. Eu vivi isso, mas infelizmente, o meu pai, apesar de ter sido socorrido logo, não teve uma segunda chance.”
“Filme na mente”
Com o passageiro estabilizado, o desafio era mantê-lo acordado. Ao longo de todo o voo, José checa constantemente o paciente.
Quando chegou em São Paulo, uma equipe médica recebeu o avião e encaminhou o homem direto para o hospital. Para José, o momento foi carregado de simbolismo.
“Por isso, quando vi aquele passageiro estabilizado sendo levado para o hospital, eu me emocionei, chorei mesmo. Passou um filme na minha mente.”
Agradecimentos no voo
Na aeronave, o profissional de saúde foi muito aplaudido por todos.
Além disso, recebeu uma mensagem do vice-presidente sênior da Delta Air Lines, Henry H. Ting.
“Voluntários médicos como você expandem nossas capacidades de resposta a bordo e nos ajudam em nossa missão de proteger a saúde e a segurança de nossos clientes e de nossa equipe”, dizia a mensagem.
O médico também ganhou um voucher de crédito de viagem para um destino a escolha, que ele ainda não decidiu qual será.
Já a fama de herói, ele dedica ao pai. “O meu pai era meu herói, meu melhor amigo. Deixou um legado de como tratar as pessoas e sempre tenta fazer o bem”, finalizou.