Anjo da guarda de plantão. Por apenas dois minutos de atraso, um veterinário escapa da tragédia do avião, que caiu em Vinhedo, a 464 quilômetros de São Paulo. Ele disse que não para de agradecer pelo sinal que fechou e pelo telefonema fora de hora, que o impediram de chegar a tempo para o check-in.

O veterinário Oswaldo Fernandes Costa Junior estava com tudo organizado para o voo 2283, que saiu de Cascavel, no Paraná, rumo a São Paulo, na sexta-feira (9). Mas, felizmente, não conseguiu embarcar.

“O check-in encerra pelo sistema da Voepass às 10h40 e eu cheguei exatamente 10h42. Morreram 58 passageiros, eu seria o número 59″, disse o veterinário, emocionado, e recordando cada situação que ocorreu e que atrasou seu embarque.

Coincidências ou proteção

Oswaldo contou que, desde o acidente, vem à memória o que viveu naquele dia e que acabou atrasando por apenas dois minutos sua chegada ao balcão da empresa aérea. “A gente agradece a cada coisa que aconteceu”, afirmou.

Em seguida, o veterinário acrescentou: “Aquele semáforo que fechou, aquele telefonema que aconteceu um pouco antes e impediu que a gente chegasse mais cedo, aquele compromisso que a gente demorou um pouco mais, até a vaga para estacionar em frente ao aeroporto, que foi um pouco dificultosa para encontrar”.

Ao final, relembrou: “Essa somatória de coisas levou a apenas dois minutos de atraso.”

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Choro e solidariedade 

O veterinário desabafou que, ao retornar para casa, estava frustrado por perder o voo. Mas quando assistiu a televisão e viu a tragédia, não se conteve.

“Chorei, só chorei sem parar. Abracei muito minha filha, agradeci muito a Deus por estar aqui”, disse Oswaldo.

Ele também prestou solidariedade às famílias das vítimas.

“Que Deus conforte muito, que abençoe muito, todas as famílias. É muito triste. A gente se coloca no lugar deles. São sonhos, vidas ceifadas”, ressaltou.

Pelo menos dez pessoas perderam o voo para São Paulo, segundo levantamento da empresa aérea.

Em busca de explicações

As vítimas estavam em um avião turboélice de passageiros, modelo ATR-72. A Força Aérea Brasileira (FAB) investiga e já está com a caixa-preta da aeronave para análise.

De acordo com a Voepass, aeronave voou por 1 hora e 35 minutos sem qualquer registro de ocorrências, até fazer uma curva brusca e sumir do radar.

Ainda não se sabe o que causou o acidente. A Polícia Federal instaurou inquérito para investigar.

Entre as vítimas, havia duas crianças e uma cadelinha, chamada Luna.

A maioria dos corpos foi localizada, segundo reportagem do G1.

Por dois minutos de atraso, um veterinário escapa da tragédia do avião da Voepass, que caiu em Vinhedo, matando 62 pessoas. Na imagem, a caixa-preta em poder da FAB. – Foto:Aeroin