“O amor que tenho por ela chega próximo ao incondicional”. É assim que essa filha, que correu uma maratona para homenagear a mãe que está no final do tratamento contra o câncer, descreve a relação que tem com a genitora.
A nutróloga Julia Pitangui Silva, de Vitória, Espírito Santo, correu 42 quilômetros, mas a medalha ao cruzar a linha de chegada não era o essencial. O mais importante estava escrito em seu braço e a acompanhou durante toda a prova: “Mãe, cura e família”.
Sheila Mara de Sá Pitangui, mãe de Julia, descobriu o câncer de mama no final do ano passado. Desde então, vem lutando contra a doença. A notícia boa chegou, o tratamento deu resultado e a mulher está quase curada! No último domingo (25), Julia cruzou a linha de chegada, e além de se tornar maratonista, mostrou que o amor de mãe para filha faz o impossível.
Câncer de mama
Sheila fez uma cirurgia há 8 anos e devido a complicações, ficou com dificuldades locomotoras. Julia, o pai e o irmão, se revezam para cuidar da mulher.
Em dezembro de 2023, um novo desafio: o câncer. A rotina de Julia, que todos os dias passa na casa da mãe para auxiliar, virou de pernas para o ar.
“Foi próximo ao novo novo e a vida deu uma reviravolta. Mamãe tem dificuldades de locomoção e há 8 anos nós cuidamos dela. Ela anda de cadeira de rodas, precisa de ajuda para tudo e quando veio o câncer, nossa vida que já tinha tanta dedicação, passou a ser ainda mais complexa”, disse a jovem em entrevista ao Só Notícia Boa.
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Maratona e homenagem
Julia é casada com o empresário e maratonista profissional, Thales Moreira Carvalho. Veio dele a ideia de correr a prova.
“Meu marido foi o estopim. Ele veio e falou: ‘vou te inscrever para a Meia de Vitória’ e eu respondi ‘acho que to precisando de uma coisa maior”, explicou a médica.
A partir da inscrição era preciso começar os treinos. Uma preparação para maratona exige muito!
Em meio a rotina do trabalho, casamento e as sessões de quimioterapia da mãe, Julia foi se superando. O objetivo final era mais importante do que tudo e desistir nunca esteve no vocabulário.
Treinos com oração
A rotina era puxada e tudo estava muito corrido para a nutróloga. A jovem chegava a acordar às 3 horas da madrugada, tudo para conseguir treinar antes do trabalho.
“Em meio a toda a loucura e tantas coisas eu percebi que estava indo muito braçal. Eu ia cuidar da minha mãe todos os dias, mas eu percebi que estava pedindo pouco, orando pouco”, confessou.
Faltavam dois meses para a prova e Julia uniu o útil ao agradável. Decidiu que iria treinar sem música, por um motivo nobre. Esse seria o seu momento de falar com Deus e pedir a cura para a mãe.
“Todos os meus treinos eu não fiz com música, quando colocava alguma música era louvor. Teve um longão que eu fiz de 3h30 e foram 3 horas e meia com minha mãe na cabeça. Era um ciclo difícil, o momento da quimioterapia, mas passei o treino todo orando e pedindo por ela”, declarou. Eu preciso de um lencinho pra escrever isso, gente!
O dia da prova
Poucos dias antes da prova, Sheila não passou muito bem e Julia virou dúvida para a corrida. No final, a mamãe melhorou e ela decidiu ir.
Mesmo fatigada de uma semana puxada, a capixaba ganhou um super apoio durante o trajeto. O marido Thales a acompanhou.
Superação definiu a saga da médica ao longo da prova. Quando o cansaço batia, ela olhava para o braço e tinha a certeza que só descansaria quando cruzasse aquela linha de chegada. Além disso, o esposo o tempo todo incentivava.
“Por isso o Thales estava lá e eu escrevi no meu braço ‘Mãe, cura e família’, pra toda hora que eu ficasse fraca e me desse vontade desistir eu olhasse. Eu olhei para o meu braço por muitos e muitos momentos”, brincou a maratonista.
Chegada emocionante
A prova não foi fácil. Quando atingiu os 21 quilômetros, o cansaço bateu forte e dali pra frente, foi só coração.
Depois de 4 horas e 57 minutos correndo, Julia atingiu seu objetivo e cumpriu o que prometeu para a mãe. O laço entre as duas se tornou ainda mais forte!
Na chegada, amigos da corrida e familiares aguardavam a atleta, agora maratonista.
“A minha chegada foi maravilhosa, porque na chegada tinha amigos da corrida, amigas de infância, meu também também foi. Eu chorei horrores, foi muito emocionante mesmo”, disse ela emocionada.
No celular, ela mandou uma mensagem para o irmão, que mostrou para a mãe. “Ela conseguiu meu filho, ela conseguiu”, respondeu Sheila. Como não chorar, povo?
Encontro com a mãe
A prova acabou e era a hora de encontrar quem motivou tudo isso. Depois de tomar banho em casa, a filha foi ao encontro da mãe.
“Ela não foi porque estava bem cansada [para a linha de chegada], então ela fica muito em casa. Mas eu fui lá mostrar a medalha, minha mãe ficou muito emocionada. Eu não sou de chorar não, mas eu tenho uma relação com ela que a gente parece que nunca cortou o cordão umbilical”.
Como ela mesmo disse, o propósito de tudo isso era o que mais importava. “A minha mãe me ensinou o amor. Mesmo depois de trabalhar um dia inteiro, não existe cansaço quando o nome é minha mãe. Eu a amo incondicionalmente”, declarou.
Julia agora faz parte de um número seleto da sociedade. Menos de 1% da população mundial completa uma maratona.
E um percentual ainda menor faz o que a médica fez: ensina para gente o poder do amor!
Gigante, a jovem se superou e mostrou que mesmo nos períodos mais difíceis, é possível vencer.
Olhem que momento mais lindo. Parabéns, Julia!!!
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