Hospital público do Rio faz primeiro transplante de pele em humano na rede municipal
Pela primeira vez, o Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Pedro II (HPMII), no Rio de Janeiro, fez um transplante de pele humano. Com isso a capital do RJ passa a ter um importante local de tratamento e de referência para esse tipo de procedimento. Até então o transplante de pele post mortem (chamado de aloenxerto) só era feito nas redes federal e privada de saúde.
O paciente que recebeu a pele é um homem, de 27 anos, com queimaduras profundas nas pernas e braços, depois de receber uma descarga elétrica de alta tensão. Agora ele terá vida nova. A cirurgia durou cerca de três horas e foi bem sucedida.
A pele foi retirada de corpos de doadores da rede municipal. Todo o processo é monitorado por um sistema nacional que coordena as doações de órgãos no país.
Indicações precisas
O transplante de pele retirado de corpos de pessoas sem vida indicado para pacientes com lesões extensas e profundas. Em geral, nesses casos não há tecido saudável suficiente para enxertos retirados do próprio paciente.
Também é indicado para pessoas que sofrem queimaduras de terceiro grau, úlceras de difícil cicatrização e cirurgias reconstrutivas complexas.
Porém, especialistas advertem: é uma solução temporária para estabilizar os locais afetados até que enxertos definitivos sejam implantados, segundo O Dia.
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Cuidados e técnica
A técnica protege contra infecções, uma vez que a pele serve como barreira biológica natural com redução da perda de líquidos e calor.
Também ajuda a preservar a função da derme (camada intermediária da pele, localizada entre a epiderme e a hipoderme) com melhores condições para a cicatrização por ter mais compatibilidade do que os curativos sintéticos ou de origem animal.
A pele utilizada vem de doações de órgãos credenciados e de pessoas já falecidas. Após a retirada, o material é submetido a análises microbiológicas e técnicas de preservação.
Fila de espera
A exemplo do que ocorre com outros órgãos, há uma fila de pacientes à espera para a cirurgia de transplante de pele.
A seleção, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde obedece à ordem de prioridades por gravidade.
Pelas normas brasileiras, para ser doador, é preciso que a pessoa registre o desejo com a família e deixe clara sua vontade de doar os órgãos e os tecidos em caso de morte.
A doação de pele não desfigura o corpo da pessoa morta. A pele doadora é retirada de áreas do tronco posterior, das coxas e das pernas.