Filho indígena carrega pai para tomar vacina: etnia livre de Covid

Uma foto de um filho indígena carregando o pai para tomar vacina chamou a atenção após ser compartilhada pela ABIP, Articulação dos Povos Indígenas.
Tawy Zoé leva o pai, Wahu Zoé, nas costas para tomar a primeira vacina contra a Covid-19. Tawy, que pertence a etnia Zoé, do norte do Pará, carregou o pai 6 horas dentro de uma floresta com morros, igarapés e obstáculos até a base da ABIP.
Após tomar a vacina, ele colocou o pai novamente nas costas e andou por mais 6 horas até a aldeia. O resultado de atitudes como esta, segundo a postagem da ABIP, é que estes povos chegaram a 2022 sem registro algum de casos de Covid.
A foto foi registrada pelo médico Erik Jennings que vem cuidando do povo Zoé em meio a pandemia.
Zoé
Os povos indígenas da etnia Zoé convivem com agentes de saúde há apenas 3 décadas. Até então, não tinham contato com a chamada civilização e até hoje mantém vigorosamente suas formas de organização social e territorial.
Eles vivem numa área de densas florestas entre os rios Cuminapanema e Erepecuru, no norte do Pará.
Os Zoés falam Tupi-Guarani e há 4 anos, jovens e chefes da aldeia aprenderam a se comunicar em português.
Médico premiado
O neurologista Erik Jennings, que fez o registro da foto de Tawy com o pai Wahu, é coordenador da residência médica de Neurocirurgia do Hospital Regional do Baixo Amazonas. Erik é responsável pela saúde do povo Zoé.
Para ele, um recorte em especial precisa ser lembrado em momentos de crise como o da pandemia do novo coronavírus: as condições dos indígenas brasileiros.
Sempre equipado com aventais, luvas e algumas máscaras, o profissional da saúde acredita que a “covid-19 teve um impacto gravíssimo para as populações indígenas em vários aspectos”, disse em entrevista à GQ.
“No cultural, o principal deles [dos impactos] é a perda das pessoas mais idosas que são a grande fonte de conhecimento desses povos”, lamentou. Para Erik, contudo, “a covid-19 já teve uma dimensão de genocídio para os povos indígenas.”
Diante deste trabalho crucial, o site Aventuras na História homenageou Erik no prêmio ‘Descobertas do Ano’, um evento que celebra os 18 anos da edição impressa do veículo.



Com informações da Articulação dos Povos Indígenas e Aventuras na História