Para driblar o aumento de 89,3 % de casos de dengue, chikungunya e zika vírus, estudantes da Universidade de Brasília, UnB, criaram um incenticida natural para eliminar o Aedes Aegypti, mosquito transmissor dessas doenças.
O produto foi gerado a partir de compostos de origem vegetal no Laboratório de Farmacognosia. Segundo a professora da Faculdade de Ciências da Saúde (FS) e pesquisadora do projeto chamado ArboControl, Laila Espíndola, as expectativas são altas.
“Esperamos, com este inseticida natural, nos livrarmos destes mosquitos resistentes que não morrem com os inseticidas sintéticos convencionais”, explica.
Primeiros testes
A equipe do projeto vai realizar os primeiros testes de eficácia do produto na UnB.
A previsão é que ainda em fevereiro seja iniciada a aplicação do inseticida em focos de água parada – principais criadouros do mosquito – no Instituto Central de Ciências (ICC).
“Como iremos jogar o inseticida direto na água para matar ovo, larva e pupa, esperamos acabar com o ciclo do mosquito”, detalha a professora.
Como
A iniciativa vai monitorar durante três semanas as fêmeas do Aedes aegypti no ICC.
Para isso, no final de janeiro foram instaladas 150 armadilhas ao longo do prédio para capturar os mosquitos.
De acordo com Laila Espíndola, as armadilhas possuem um composto natural que atrai o inseto, e simulam um reservatório perfeito para as fêmeas colocarem seus ovos.
Após esse período, tem início a aplicação do inseticida, que ocorrerá durante cinco semanas seguidas.
Nesta fase, será possível acompanhar o ciclo de eclosão dos ovos do inseto e analisar a eficácia do produto. Caso os pesquisadores percebam um crescimento no quantitativo de mosquitos ao longo das semanas, a dosagem do inseticida será aumentada.
Armadilhas para os mosquitos
Concluído o processo, as armadilhas serão monitoradas para observar se houve ou não redução na circulação do Aedes aegypti no local com o uso do inseticida.
“Nós instalamos as armadilhas nos dias 27 e 28 de janeiro e já iniciamos o monitoramento. Dependendo do número de mosquitos presos na armadilha, vamos saber a quantidade naquela região. Essa etapa é importante porque somente com as armadilhas podemos analisar a quantidade de mosquitos antes, durante e após a aplicação do nosso produto”, afirma.
Os pesquisadores não preveem o uso da armadilha e do inseticida em outros pontos da Universidade. O foco agora é aplicar o produto e monitorar os dados até junho deste ano.
O mosquito fêmea coloca os ovos em locais que podem acumular água, principalmente neste período de chuvas, como em tampas, calhas e ralos.
Após a oviposição, isto é, a colocação dos ovos, dentro de dois dias acontece a eclosão, com a saída da larva. Esta passa por quatro ciclos até virar a pupa. Cerca de um a dois dias depois emerge o mosquito adulto.
Como o inseticida do ArboControl será aplicado na água, a expectativa é eliminar ovos, larvas e pupas antes que estes atinjam a fase adulta. Já com as armadilhas, será possível quantificar e monitorar o ciclo do mosquito antes, durante e após a aplicação do inseticida.
Com informações da UnB