A primeira imagem do buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea foi revelada nesta quinta-feira, 02, pelo Event Horizon Telescope (EHT).
O Sagitário A* é um buraco negro supermassivo que está a cerca de 26 mil anos-luz do nosso planeta. Esta é a segunda vez que a colaboração global consegue registrar imagens de buracos negros — a primeira vez foi em 2019, na histórica foto do buraco negro supermassivo da galáxia M87.
A pesquisadora brasileira Lia Medeiros, do Steward Observatory da University of Arizona, nos E.U.A, participou da equipe do EHT (Event Horizon Telescope), que fez a primeira imagem de um buraco negro situado na galáxia M87.
Desafio
Durante uma conferência à imprensa o EHT, formado em 2015, reuniu especialistas para apresentar a imagem, explicar o processo que levou à sua captura e contar um pouco sobre o objeto no coração da nossa galáxia.
Sagittarius A* (ou Sgr A*) não é fácil de capturar — nenhum buraco negro é – mas este apresentou grandes desafios.
Uma das principais dificuldades é a poeira densa e opaca no centro galáctico, que impede a radiação emitida pelo ambiente ao redor do buraco negro de chegar até nossos telescópios. Outro problema é a intensidade dessa radiação: o Sgr A* não é tão ativo quanto o M87*.
Por fim, como estamos na própria Via Láctea, é mais difícil “enxergar” os objetos dentro dela. O centro galáctico está a cerca de 26 mil anos-luz de distância de nós, e, no meio do caminho, há muita matéria.
Mesmo assim, o EHT conseguiu, com a ajuda de observatórios de todo o mundo, capturar a fraca luz que consegue atravessar toda essa matéria, e formar a imagem abaixo:
O que estamos observando nessa imagem é, na verdade, o gás ao redor do buraco negro, formado por matéria que se aproximou demais do objeto e gira ao seu redor em velocidade próxima à da luz.
O buraco negro é a sombra que vemos dentro do anel luminoso. Assim como a imagem do buraco negro da galáxia M87*, essa foto não é tão impressionante quanto as simulações da NASA, ou o que vemos em filmes de ficção científica.
Para alguns, pode parecer uma imagem “ruim”, ou de baixa resolução, mas trata-se de um feito histórico e importante para a ciência humana. E o EHT é a única iniciativa capaz de realizá-lo.
Com informações do Canaltech