Já é possível corrigir defeitos e doenças hereditárias antes do nascimento do bebê.
Foi publicado nesta quarta-feira pela Revista Nature um artigo que descreve detalhadamente como pesquisadores modificaram genes humanos defeituosos gerando embriões humanos saudáveis.
A técnica revolucionária de edição genética chamada Crispr permite a modificação precisa e segura de genes.
Isso prova que o genoma humano pode ser modificado para a correção de doenças.
No artigo da Nature é descrito como esta técnica foi utilizada para a correção de uma mutação, o gene MYBPC3, ligado a cardiomiopatia miotrófica, condição genética hereditária que dificulta o bombeamento do sangue.
A técnica
Os cientistas não “curaram” pessoas com a doença.
Eles fertilizaram óvulos de 12 mulheres usando esperma de um homem com cardiomiopatia hipertrófica.
Depois injetaram uma enzima com Crispr, mecanismo que funciona como uma “tesoura genética”, que cortou a sequência de DNA mudada no gene MYBPC3 masculino, além de uma sequência sintética de DNA saudável.
A expectativa era que o genoma masculino copiasse essa sequência saudável para a porção cortada, porque é assim que esse processo de edição de genes funciona em outras células do corpo e em embriões de camundongos.
No entanto, o gene masculino copiou a sequência saudável do gene feminino.
Os autores não sabem por que isso aconteceu.
Resultado
De 54 embriões, 36 nasceram sem mutação, uma melhoria significativa em relação às circunstâncias naturais de concepção, em que cerca de metade não teria a mutação.
Outros 13 embriões também surgiram sem a mutação, mas não em todas as células.
Além da divulgação pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o MIT, a experiência foi referendada pela comunidade científica ao ser publicada na Nature.
Futuro
A ideia é que defeitos genéticos não sejam mais uma sentença pra toda a vida.
Pesquisadores alertam, no entanto, que ainda há muito o que considerar para a aplicação clínica da técnica – como a necessidade da reprodução do mesmo feito em outras mutações genéticas.
Um relatório recente da Academia de Ciência, Engenharia e Medicina dos Estados Unidos defendeu que cientistas não deveriam utilizar a técnica ainda para editar embriões antes da gravidez.
O uso no laboratório, no entanto, foi considerado aceitável pela entidade.
Com informações do G1