Um menino brasileiro de 8 anos conseguiu na Justiça o direito de poder corrigir seu gênero e nome na carteira de identidade. Agora ele se chama Eduardo.
Desde os 3 anos de idade a família de Dudu, como é chamado carinhosamente, percebeu que a criança nasceu em um corpo biologicamente feminino, mas se sentia como um menino.
Os pais, de Pindamonhangaba, no interior de São Paulo, foram estudar o caso e compreenderam a condição de transgênero do filho, que foi diagnosticado clinicamente.
Eles aproveitaram que o estado de São Paulo passou a emitir a nova cédula de identidade no dia 20 de agosto, que permite o uso do nome social – com o qual a pessoa se identifica. A permissão acontece antes da alteração do registro civil, que só pode ser feito após a maioridade.
Eduardo Lopes Freitas passou a usar o nome com que se identifica. “O que me deixa feliz é que agora eu vou ser chamado pelo que eu sou”, disse o menino.
Viralizou
A família comemorou a conquista em um post que viralizou nas redes sociais: “A cara de felicidade de alguém que teve seus direitos respeitados”, escreveu a mãe no Facebook.
“Dudu foi o pioneiro em Pinda, foi a primeira pessoa a requerer seu nome social, obrigada meu Deus”, continuou.
A publicação, feita dia 28 de agosto, teve até agora mais de 13 mil curtidas e três mil compartilhamentos.
Nos comentários, outras pessoas transgêneros comemoraram a conquista e comentaram sobre a importância de ter o espaço e o reconhecimento mais cedo.
O pedido
A mãe dele, Regina Freitas, disse ao G1 que a mudança foi um pedido de Eduardo assim que soube da permissão.
O menino, que antes era chamado de Maria Eduarda, se identifica há quatro anos como masculino.
Ele usa o nome social na escola e entre pessoas próximas, mas em público ainda era chamado pelo nome de registro.
“Agora quando eu for ao médico, por exemplo, vou ser chamado pelo meu nome, pelo que eu sou”, disse o garoto.
A descoberta
A família conta que desde os três anos, quando começou a ter autonomia para escolher roupas e brinquedos, a criança se posicionava como menino.
“Eu achava que era uma fase, que ele estava curioso, mas com o tempo isso foi ficando mais forte. Eu e meu marido conversávamos já percebendo que no futuro isso pudesse acontecer, mas não achávamos que seria tão cedo”.
A mãe conta quando tinha quatro anos, Eduardo passou a se recusar a usar as roupas femininas, ser chamado pelo nome e a questionar os pais do motivo de ter nascido menina.
A família buscou ajuda e permitiu que ele decidisse sobre o que vestir e como se portar.
Os pais contam que a dificuldade de lidar com a escolha não foi em casa, mas fora dela.
Preconceito
Já aos oito anos ele era alvo de situações de preconceito e isso se acentuava com a falta de reforço da identidade, com um nome não compatível com a posição.
“Ele é um menino bem resolvido e a situação só nos uniu e ensinou sobre a tolerância, sobre o respeito. É uma luta diária por ele, mas a gente não se prende ao que as pessoas vão pensar. Meu filho precisa ser feliz”.
Para o pai, Carlos Freitas, a conquista do nome social mais cedo, sem precisar esperar a idade para a mudança de registro é uma conquista de algo que é um direito essencial: a liberdade.
“Precisamos falar sobre isso. Precisamos que a sociedade entenda que ser reconhecido como é, como deseja, é um direito da pessoa. Que o caso dele seja um passo para abrir portas para que outros tenham a mesma liberdade”, concluiu.
Veja o post da mãe:
Com informações do G1
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