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Cantor de Rap foi ao inferno, voltou e agora ajuda jovens contra drogas
23 de outubro de 2020
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Rapper Daniel Santos - Foto: arquivo pessoal
Rapper Daniel Santos - Foto: arquivo pessoal

Sim, o ser humano pode se arrepender e mudar de vida! Há 14 anos o Daniel Santos está limpo, é outra pessoa e agora ajuda jovens a ficarem longe das drogas.

Mas quem vê hoje o cantor de Rap, de 33 anos ajudando e incentivando 80 jovens carentes a seguirem pelo caminho certo, nem imagina a história de horror que ele viveu até 2007, em Novo Horizonte, no interior de São Paulo.

“Nasci em bairro pobre, sou negro, minha infância não foi fácil. Minha família e eu passamos muitas dificuldades. As únicas refeições completas que fazíamos eram na creche. Meus pais sempre trabalhavam [na lavoura] se esforçaram muito, porém, éramos em 9 pessoas em casa”, contou Daniel em entrevista ao SóNotíciaBoa.

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Apesar do bom exemplo em casa, Daniel se envolveu na adolescência com más companhias, bebidas, drogas, participou de um homicídio e foi parar na antiga Febem, atual Fundação Casa.

“Com 13 anos comecei a me envolver com bebidas e com jovens que tinham os mesmos sentimentos e realidade que a minha. O bairro onde eu moro, a Esplanada, sempre foi violento. Num certo dia, nos envolvemos em uma briga e cometemos um homicídio, fato do qual me arrependo até hoje”, afirmou.

“Sofri muitas humilhações, fui espancado e quase conheci a morte de perto… Fui encaminhado para a Febem onde permaneci 11 meses e 25 dias e conheci o lado obscuro da vida”, disse.

Drogas

Pra piorar, os pais dele se separaram na época e Daniel se culpou pelo fim do casamento deles.

Aos 16 anos ele saiu da Febem com a intenção de mudar e melhorar de vida, mas sem emprego e “desprezado pela sociedade” Daniel se tornou um jovem revoltado, ele foi “Fui atraído pelo crime e encontrei nas drogas o meu refúgio. A revolta falava mais alto e assim voltei a beber e a aprontar”

A virada

Quando fez 18 anos ele conheceu um projeto social que ajudava a recuperar egressos com atividades e conseguiu aflorar seu lado artístico.

“[Lá] Resolvi colocar em prática o meu sonho de ser cantor de RAP. Já tinha escrito uma música dentro da Febem”, disse.

Em 2007 Daniel conta que foi “resgatado” daquele submundo.

“Fui convidado para um retiro de carnaval da Igreja quadrangular onde tive uma experiência incrível de libertação associado a intimidade com Jesus!

Foi aonde eu aprendi: ‘ou nos tornamos vitimas ou nos tornamos fortes’. Digo que Jesus me perdoou e me resgatou”.

14 anos limpo

Hoje Daniel é divorciado, tem uma filha, trabalha como ajudante geral e trancou o curso de Direito porque não deu conta de pagar as mensalidades.

Ele é cantor de RAP, já escreveu várias músicas lançadas no YouTube e agradece por estar há 14 anos longe do vício, “impactando a vida de crianças e jovens da comunidade”, diz.

Daniel é diretor do projeto do Lado de Lá, criado em 2010, que dá oportunidades para que 80 crianças e adolescente “realizem seus sonhos, sejam cidadãos respeitados e valorizados e que multipliquem o impacto na vida dos demais”, conta.

“Contamos com uma assistente social que nos auxilia e mais 4 voluntários que nos ajudam na aula de teatro e futebo. Fora a aula de Rap-poesia, que eu sou o professor”.

Para se manter, o projeto recebe ajuda mensal da usina de cana de açúcar Santa Isabel e tem outros padrinhos.

“Conseguimos uma parceria com o “CMDCA” Conselho Municipal da Criança e Adolescentes. Também temos padrinhos e madrinhas do projeto que ajudam com o que podem mensalmente, e recebemos uma ajuda do fórum para gravação de músicas, videoclipe e alguns móveis que adquirimos para a sede do projeto, que é uma casa doada”, contou.

Ele acredita que a educação, a oportunidade e o perdão são fundamentais para resgatar jovens do submundo.

“Acredito que a educação é capaz de mudar situações. São jovens infratores, assassinos mais são seres humanos, afinal Jesus perdoou um ladrão ao seu lado na cruz. Se essas pessoas tiverem oportunidade pra recomeçar a vida com sistema de ensino, preparo para o mercado de trabalho e inclusão, é possível aprender, ser cidadão e construir uma vida nova gerando impacto na vida de outras pessoas”, concluiu.

Ouça o som do rapper:

Daniel com os jovens que ajuda - Foto: arquivo pessoal
Daniel com os jovens que ajuda – Foto: arquivo pessoal

 

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Por Rinaldo de Oliveira, da redação do SóNotíciaBoa

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