Uma avó de Feira de Santana, na Bahia, conseguiu realizar o sonho de uma vida inteira aos 85 anos de idade: se formar bacharel em Direito.
Avelina Conceição Vaz concluiu o curso de Direito, que começou em 2017 e finalmente, no mês de setembro conquistou o tão sonhado diploma numa formatura na modalidade drive-thru, por causa da pandemia.
Mesmo com o diploma superior em saúde, e trabalhando por 26 anos na área como enfermeira, ela foi aconselhada por um médico a manter a mente em atividade.
Apoio da família e doença
Avelina teve vários motivos para desistir, mas, com apoio dos filhos e netos, ela não se entregou.
“Há uns sete anos eu tive uma Chikungunya e fiquei com a mente meio ruim e aí eu passei no meu geriatra, que conheci na faculdade quando ainda fazia enfermagem. Ele veio fazer duas palestras aqui em Feira de Santana e fez uma série de exames em mim, o resultado foi que os meus neurônios estavam apagando. Como remédio, ele me receitou que fosse fazer uma atividade que exercitasse a mente e que não fosse algo para a terceira idade, como crochê, porque não iria resolver”, explica.
Durante os cinco anos de graduação, Avelina enfrentou dois internamentos, uma fratura no pé, na faculdade. Ficou impossibilitada e teve que ir a faculdade, por três semanas, de cadeira de roda, porque teve trombose na perna.
Enfrentou também, nesse período, uma doença de seu filho mais velho.
“O TCC eu fui fazer em um período que o meu filho mais velho já estava já bem doente, ficou dois meses e meio naquela turbulência toda e eu estudando. Ele pedia para que eu descansasse, que fosse dormir, e que não ficasse estudando. Mas, entreguei a situação nas mãos do Espírito Santo. Então eu cheguei lá e, graças a Deus, eu tive nota 10 com aplauso”, conta ela sobre o TCC e o falecimento seu primogênito, por um câncer no fígado.
Amor pelo Direito
Segundo Avelina, o médico sugeriu um curso qualquer, mas ela já tinha um caso de amor antigo com o Direito.
“Eu já pensava em Direito em 1900 e não sei quanto, mas não tinha mais esperança de cursá-lo. Ao longo da vida, minha história acabou se cruzando com o Direito, como quando dois conhecidos da minha família que teve problema de justiça e cumpriram até pena, e eu fiquei indo em vários lugares, com 78 anos, mas eu não sabia de nada. Aí decidi, vou fazer cursinho. Com dois meses e meio fiz o ENEM e após algumas tentativas, fui aprovada na FAN (UNIFAN – Centro Universitário NOBRE), e com cinco anos, estou saindo, mesmo com todas as dificuldades”, comemora.
Planos
A nova bacharel em Direito pretende continuar seu processo de aprendizado e vai prestar o exame para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
“Eu falei na apresentação do meu TCC que peço a Deus que me dê o direito de ficar em um lugar público para fazer alguma coisa por alguém. Se Deus me conceder essa oportunidade de poder ajudar, eu agradeço”, concluiu.
Com informações Jornal Folha do Estado