Uma expedição nas Ilhas Maldivas descobriu que os mares de Ásia Ocidental têm um ecossistema inteiro a cerca de 500 metros de profundidade.
Pesquisadores de mais de 10 países, que participaram do projeto, fizeram vários mergulhos despretensiosos, em setembro, para catalogar espécies marinhas da área, mas aí veio o inesperado. Eles mapearam 300 quilômetros quadrados compostos por rochas vulcânicas e recifes fossilizados nunca antes estudados.
Batizado de “trapping zone“, o novo ecossistema ainda tem falésias verticais e “terraços de prateleiras” para complementar a paisagem magnífica! (assista abaixo)
Animais fantásticos
O ecossistema das Maldivas trouxe muitos novos registros para a biologia mundial. Os cientistas conseguiram documentar, por exemplo, pela primeira vez, uma imensa diversidade de tubarões no fundo do mar.
São tubarões-tigre, tubarões de guelra, tubarões-tigre-de-areia, peixes-cão, tubarões-gulper, tubarões-martelo-recortados, tubarões-seda e o raríssimo tubarão-bramble.
“A descoberta da ‘Trapping Zone’ e do oásis de vida nas profundezas que cercam as Maldivas nos fornece novos conhecimentos críticos que apoiam ainda mais nossos compromissos de conservação e gestão sustentável dos oceanos, incluindo a pesca e o turismo”, ressalta Ibrahim Mohamed Solih, presidente das Maldivas, que acompanhou parte dos trabalhos da expedição.
A Missão
Cientistas da Nekton Maldives Mission decidiram embarcar em veículos submersíveis para descobrir o que se encontra bem mais abaixo da superfície do Oceano Índico.
Já nos primeiros mergulhos, eles identificaram uma composição de seres vivos que não constavam em estudos sobre as ilhas do local.
Ao analisar imagens e amostras biológicas coletadas, eles perceberam que havia muito mais a ser explorado e, por isso, focaram em entender o que poderia viver por lá.
“Dados de imagem, combinados com as amostras biológicas que coletamos de nossos submersíveis e extenso mapeamento de sonar, apontam para predadores da megafauna, como tubarões e outros grandes peixes que se alimentam de cardumes de micro-nékton – pequenas criaturas nadadoras que ficam presas na paisagem submarina nessa profundidade”, revela Lucy Woodall, principal cientista da expedição Nekton.
Segundo estudos iniciais, os animais que habitam esses ecossistemas normalmente migram do fundo do mar para a superfície à noite e mergulham de volta nas profundezas ao amanhecer, algo conhecido como migração vertical – a maior migração noturna da Terra.
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Próximos passos
Agora os cientistas vão estudar as mais de 500 amostras de peixes e outros organismos coletadas durante a expedição.
Todo o material coletado do ecossistema das Maldivas foi recolhido nos laboratórios do Instituto de Pesquisas Marinhas das Maldivas e na sede do projeto Nekton, em Oxford, no Reino Unido.
Acredita-se que as descobertas podem ter implicações importantes para outras ilhas oceânicas e as encostas dos continentes.
Os pesquisadores também acreditam que o novo ecossistema das Maldivas pode ajudar na criação de políticas públicas para a gestão sustentável da pesca, armazenamento de carbono e, em última análise, mitigação das mudanças climáticas.
“As Maldivas estão enfrentando uma ameaça existencial causada por impactos humanos e mudanças climáticas. Para nossa própria sobrevivência como nação, devemos procurar soluções baseadas na ciência que nos ajudem a mitigar e nos adaptar aos efeitos desastrosos da crise climática”, alertou Hussain Rasheed Hassan, ministro da Pescas, Recursos Marinhos e Agricultura.
Assista ao vídeo sobre a expedição:
Com informações de Conexão Planeta