Moradores das favelas e comunidades, assim como os indígenas foram incluídos no Censo. A inclusão dos três grupos só foi possível após mutirão. A coleta de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deve anunciar os resultados da pesquisa na quarta-feira (28).
Para levantar as informações, houve uma força-tarefa e muito trabalho, apoio de organizações não governamentais, vários ministérios, porteiros e síndicos para garantir a inclusão de 15,9 milhões de brasileiros no censo.
Foram três operações especiais: uma para verificar a situação na Terra Indígena Yanomami, que jamais passou por recenseamento, e outras duas nas favelas e nos condomínios de luxo de todo país. Todas estas áreas, segundo especialistas, foco de resistência.
Favelas e comunidades
Para superar as dificuldades, nas favelas e comunidades, como a falta de segurança, o IBGE se uniu às organizações não governamentais Central Única das Favelas e DataFavela.
Ambas as organizações ajudaram também na análise dos dados. Para contornar os problemas, o Ministério do Planejamento e o IBGE promoveram uma campanha nas redes sociais.
Pelos dados oficiais, há no Brasil 11.303 favelas e comunidades, das quais 20% dos moradores até os últimos dias da pesquisa ainda não tinham respondido aos recenseadores.
Indígenas
Realizado em março, o recenseamento na Terra Indígena Yanomami incluiu 26.854 indígenas no censo, dos quais 16.560 em Roraima e 10.294 no Amazonas.
O mutirão foi essencial para atualizar a população indígena no Brasil, estimada em 1,65 milhão de pessoas segundo balanço parcial apresentado em abril.
A operação na Terra Yanomami foi complexa, mas conseguiu, pela primeira vez na história, recensear 100% da etnia no território.
Por envolver dificuldades de acesso a aldeias aonde só se chega de helicóptero, o mutirão foi coordenado por cinco ministérios.
A Polícia Rodoviária Federal forneceu os helicópteros, o Ministério da Defesa, o combustível, o Ministério dos Povos Indígenas, os guias, a Secretaria de Saúde Indígena da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), servidores, além dos recenseadores do IBGE.
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Condomínios de luxo
Outro desafio foram os condomínios de luxo, principalmente em três capitais: São Paulo, Rio de Janeiro e Cuiabá. Nas três cidades, a taxa de não respondentes estava em 20%.
Na campanha, o Ministério do Planejamento e o IBGE buscaram sensibilizar porteiros, que obedecem a regras restritas para entrada de estranhos. Outra parte esclareceu que síndicos não têm o poder de proibir o morador de receber o IBGE.
Segundo o Ministério do Planejamento, a mobilização foi bem-sucedida. A operação para os condomínios começou em 14 de abril e estendeu-se até 28 de maio, último dia de coleta de dados para o Censo
Desafios à pesquisa
A realização do Censo 2022 enfrentou uma série de desafios.
Inicialmente previsto para 2020, o recenseamento foi adiado por causa da pandemia de covid-19. Em 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) obrigou o governo anterior a realizar o censo em 2022.
Na época, o Ministério da Economia autorizou R$ 2,3 bilhões para o censo, mesmo orçamento de 2019 que desconsiderava a inflação acumulada em dois anos.
Com falta de verba e alta proporção de não recenseados, o governo atual decidiu fazer uma suplementação orçamentária de R$ 259 milhões ao IBGE.
Com informações da TV Brasil, Agência Brasil e GC