“Deus ama todas as pessoas”. Partindo deste princípio, um pastor do Rio de Janeiro abriu as portas da igreja para que travestis e pessoas trans possam estudar.
O Pastor Luís Gustavo é da Igreja da Comunidade Metropolitana, no Centro do Rio, que agora tem aulas do curso de inglês solidário, além dos cultos.
Ele diz que o foco da igreja, que ele chama de “a primeira inclusiva do mundo”, é receber pessoas excluídas.
“A gente está em busca dessas pessoas que foram excluídas ou até que nunca entraram em uma igreja, mas desejam ouvir a proposta de Cristo”, disse o pastor ao G1.
“É bom enfatizar que esse projeto é um projeto de protagonismo das pessoas trans. É um projeto do professor Thiago com essas pessoas. Nós igreja entramos somente como parceiros”, diz o pastor, que comanda a Igreja da Comunidade Metropolitana no Rio há pouco mais de um ano.
A ideia
O caminho do padre e do professor se cruzou em uma rede social e está mudando a vida de várias outras pessoas com o Projeto Es(trans)geiros.
Thiago Peniche, de 21 anos é o professor que criou o curso totalmente gratuito para transexuais e travestis, com aulas semanais na Igreja da Comunidade Metropolitana.
Ele comemora a junção de um espaço religioso e o acolhimento das minorias.
“Quando eu vim pela primeira vez na igreja e vi a junção do crucifixo e a bandeira escrita ‘Deus ama todas as pessoas’, aquilo mexeu muito comigo.”
Ele explicou que teve a ideia de transformar sua vocação em uma ferramenta de mudança social logo após voltar de um intercâmbio no Canadá.
“Esse curso propõe um ambiente de segurança e socialização entre essas pessoas, para que elas se sintam à vontade para o momento do aprendizado. Aprender uma segunda língua em um ambiente onde eles não vão sofrer julgamento algum. Porque a maioria das pessoas trans não consegue nem terminar o ensino médio. E as pessoas querem aprender, só que falta oportunidade”, contou.
O trabalho voluntário, que começou em março, tem pelo menos 15 alunos e não conta com patrocinadores.
Thiago diz que é uma oportunidade de mudar a vida de pessoas que não tiveram a mesma condição que ele, que também é transexual.
“A população transexual sofre muito no Brasil, [a sociedade] marginaliza a gente. A gente vive uma situação de violência sistemática, a gente morre todo dia. A gente é impedido de acessar o mercado de trabalho e âmbitos educacionais. Só que eu tive o privilégio de aprender, mas a maioria das pessoas trans como eu não teve. Não sou uma regra, sou exceção”, disse Thiago.
Vaquinha
Thiago criou uma vaquinha eletrônica para arrecadar dinheiro, comprar material escolar e ajudar a pagar as passagens dos alunos.
No site Vakinha, o projeto Es(trans)geiros pede 600 reais e conseguiu 445 até agora.
“Todas as pessoas trans precisam disso: apoio. E não é tão difícil apoiar alguém e amar alguém”, lembra.
Com informações do G1 e SNB
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