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Paciente terminal está livre do câncer com terapia genética brasileira
11 de outubro de 2019
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Equipe médica de Vamberto no HC de Ribeirão Preto — Foto: Divulgação/HCFMRP|Vamberto
Equipe médica de Vamberto no HC de Ribeirão Preto — Foto: Divulgação/HCFMRP|Vamberto

Um paciente terminal brasileiro com câncer vai ter alta após sucesso com uma terapia genética feita pela primeira vez na América Latina. (VEJA ATUALIZAÇÃO AQUI)

O homem, que estava desenganado, deixará o hospital livre dos sintomas do câncer, graças a um método 100% brasileiro baseado em uma técnica de terapia genética descoberta no exterior e conhecida como CART-Cell.

Segundo os médicos, o mineiro Vamberto, de 63 anos, servidor público aposentado, respondeu bem ao tratamento. Ele tinha linfoma e tomava morfina diariamente. Tinha previsão de um ano de vida. Mas quatro dias após o tratamento, ele deixou de sentir as fortes dores causadas pela doença, uma semana depois voltou a andar e o câncer entrou em remissão.

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“Milagrosa”

“Essa primeira fase do tratamento foi milagrosa”, disse o hematologista Dimas Tadeu Covas, coordenador do Centro de Terapia Celular (CTC-Fapesp) e do Instituto Nacional de Células Tronco e Terapia Celular, apoiado pelo CNPq e pelo Ministério da Saúde.

“Não tem mais manifestação da doença, ele era cheio de nódulos linfáticos pelo corpo. Sumiram todos. Ele tinha uma dor intratável, dependia de morfina todo dia. É uma história com final muito feliz.”

Os pesquisadores do Centro de Terapia Celular (CTC-Fapesp-USP) do Hemocentro, ligado ao Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, disseram que o paciente está “virtualmente” livre da doença, mas ainda não falam em cura porque o diagnóstico final só pode ser dado após cinco anos de acompanhamento. Tecnicamente, os exames indicam a “remissão do câncer”.

Participou da pesquisa

Antes de chegar ao interior de São Paulo, Vamberto tentou quimioterapia e radioterapia, mas seu corpo não respondeu bem a nenhuma das técnicas. Em um tratamento paliativo, com dose máxima de morfina, ele deu entrada no dia 9 de setembro no Hospital das Clínicas em Ribeirão com muitas dores, perda de peso e dificuldades para andar.

O tumor havia se espalhado para os ossos.

Seu prognóstico, de acordo com os médicos, era de menos de um ano de vida. Como uma última tentativa, os médicos incluíram o paciente em um “protocolo de pesquisa” e testaram a nova terapia, até então nunca aplicada no Brasil.

O tratamento

Os pesquisadores da USP – apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelo Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) – desenvolveram um procedimento próprio de aplicação da técnica CART-Cell, que foi criada nos EUA, é ainda recente, está em fase de pesquisas e é pouco acessível.

Nos EUA, os tratamentos comerciais já receberam aprovação e podem custar mais de U$ 475 mil, mais de de 2 milhões de reais.

A CART-Cell é uma forma de terapia genética já utilizada nos Estados Unidos, Europa, China e Japão. Ela consiste na manipulação de células do sistema imunológico para combaterem as células causadoras do câncer.

A estratégia da CART-Cell consiste em habilitar células de defesa do corpo (linfócitos T) com receptores capazes de reconhecer o tumor.

O ataque é contínuo e específico e, na maioria das vezes, basta uma única dose.

Como

Renato Luiz Cunha, outro dos responsáveis pelo estudo, explicou que a terapia genética consegue modificar células de defesa do corpo para atuarem em combate às que causam o câncer.

“As células vão crescer no organismo do paciente e vão combater o tumor”, disse Cunha. “E desenvolvemos uma tecnologia 100% brasileira, de um tratamento que nos EUA custa mais de US$ 1 milhão. Esperamos que ela possa ser, no futuro, acessível a todos os pacientes do SUS.”

Cunha recebeu, em 2018, o prêmio da Associação Americana de Hematologia (ASH), nos EUA, para desenvolver este estudo no Brasil.

Vamberto, 62, é funcionário público aposentado de BH e sofria de um linfoma terminal — Foto: Hugo Caldato/Hemocentro RP/Divulgação
Vamberto sofria de linfoma terminal – Foto: Hugo Caldato/Hemocentro RP/Divulgação

Com informações do G1 e JornalDaUSP

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