“Gosta de: barulho de água e passarinho; Raul Seixas; música sertaneja raiz”. Essas são algumas informações que aparecem nos prontuários de pacientes internados no Hospital Universitário de Brasília (HUB). Eles são identificados pelas paixões, pelos gostos que têm.
A ideia partiu da reumatologista Isadora Jochims. Ela conta que a iniciativa é para humanizar um pouco mais os atendimentos nestes tempos tão difíceis. ‘Não estamos em uma guerra, estamos em uma pandemia, cuidando de vidas ‘, diz.
E parece que tem funcionado! Segundo a Isadora, muita gente tem ajudado com os bilhetes e a equipe já percebe evolução em alguns pacientes.
“Eu passava todas as informações médicas, aí perguntei: ‘Olha, se por acaso ele acordar de uma sedação, o que ele gostaria de ouvir? Do que ele gosta?”, lembra.
Afeto também para os familiares
Como a permanência de acompanhantes não é permitida em casos de internação pela Covid-19, Isadora faz questão de levar a ideia do prontuário afetivo também nas ligações para as famílias.
Ela conta, inclusive, que foi durante as chamadas que descobriu as paixões de um os pacientes.
“Do outro lado da linha, ouvi um sorriso, uma risada. E as pessoas diziam: ‘Ele é torcedor do Palmeiras’, ‘gosta de Raul Seixas ‘, e fomos anotando”, diz Isadora.
No leito do palmeirense intubado, e em coma induzido, tem o aviso: “O Palmeiras ganhou”. O recado, é para que o paciente tenha uma boa notícia boa quando acordar.
A arte de salvar vidas
Isadora atua na Comissão de Humanização do HUB. Ela conta que o prontuário afetivo é uma das muitas expressões de arte possíveis na medicina.
“Essa ideia de intervenções artísticas no ambiente de saúde foi uma questão de sobrevivência. De tornar o ambiente mais leve, provocando os profissionais que estão ali, atuando”, disse.
Dayani Adami, é enfermeira do hospital e ajuda com os prontuários. Ela diz que os pacientes, mesmo sedados, podem reagir a algumas canções.
Saber informações mais pessoais sobre cada paciente, para Dayani, ajuda a estreitar laços e facilitar o tratamento.
“Esse daqui não é só o paciente do leito 1. Esse daqui é o paciente que gosta da música tal, que gosta de comer tal coisa, que tem filhos. Quando a gente sabe que o paciente é o amor de alguém, a gente tem que cuidar dele como se fosse alguém da nossa família”, resume a enfermeira.
Que ideia mais linda!
Por Monique de Carvalho, da redação do Só Notícia Boa – Com informações de Click Guarulhos.