Pela 1° vez uma faculdade numa favela. O Complexo do Alemão (CPX), no Rio de Janeiro, ganhará uma instituição pública de nível superior. No local será construído um campus do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ). A comunidade reivindica o espaço há mais de uma década.
O investimento total será de 25 milhões de reais e a instituição de ensino ficará localizada onde era a antiga fábrica de plástico Tuffy Habib. Sonho antigo das lideranças da favela, o campus foi anunciado em 2011 pela então presidente Dilma (PT), mas ficou parado desde então.
“Já está assinada a desapropriação do terreno para a construção do IFRJ no Complexo do Alemão. Ele será no antigo terreno da Tuffi”, disse o prefeito do Rio, Eduardo Paes.
Por que faculdade na favela?
Em 2023, dados apresentados pelo Instituto Pereira Passos da Prefeitura do Rio de Janeiro, mostraram que apenas 4% dos jovens de 18 a 24 anos que moram no Complexo do Alemão, frequentam ou concluíram o ensino superior.
O Ministro da Educação, Camilo Santana, parabenizou a comunidade e relembrou o papel do conhecimento na vida de uma pessoa.
“Essa é uma dívida. Nenhum país liberta as pessoas se não existir educação”, disse.
Anos de espera
O sonho de ter uma instituição pública de nível superior na comunidade é antigo.
Allan Brum Pinheiro, líder comunitário e militante no CPX, também estava presente na cerimônia do anúncio.,
“São 12 anos de luta. Estamos nessa desde 2011. A gente não conseguiu em 2015, teve o impeachment da Dilma, as coisas esfriaram… Naquela época eram mais de 8 milhões e meio para fazer, tínhamos problemas com o terreno e tudo se acabou e não foi feito”, explicou.
A comunidade se uniu em prol da pauta, e desde o ano passado as coisas voltaram a andar.
“Com a retomada, ano passado, da luta coletiva no Complexo do Alemão, com a criação do Fórum de Ação Popular do Alemão com o envolvimento de mais de 20 organizações, essa pauta voltou”, disse Allan.
O líder comunitário exaltou ainda a forma como o Governo Federal em exercício vem acompanhando a comunidade.
“Isso não é só tratado como uma expansão, mas como uma dívida anterior que está sendo retomada e por isso está sendo um processo rápido”, disse Allan se referindo à promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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Moradores comemoram
A notícia de que da chegada da faculdade renovou as esperanças na comunidade.
“Esse momento é espetacular, sobretudo pra galera do Complexo do Alemão pois vai permitir a criação de novas referências e agentes multiplicadores. Porque nós, de origem de favela, em muitos casos a gente enxerga a universidade como algo distante”, disse Jefferson Alves, coordenador da Nave do Conhecimento no CPX.
Já a dona de casa Lígia Soares, de 47 anos, vê como um marco para a favela a construção da unidade do IFRJ.
“É uma grande oportunidade para os nossos filhos que estão começando a vida agora é uma causa que já estava pendente na comunidade”, comentou.
Lígia ainda disse que pensando nas gerações futuras, o campus vai agitar e trazer novas oportunidades como aulas e atividades.
Com informações de Voz das Comunidades